terça-feira, julho 22, 2008

Saúde, Envolvimento e Educação para o Desenvolvimento

A educação, o emprego e a saúde foram identificados como questões políticas chave que afectam muitas crianças e jovens de todo o mundo. Daí a nossa natural preocupação e o nosso óbvio envolvimento neste trabalho que requer sustentabilidade e um enorme investimento.

Há uma necessidade premente de uma acção colectiva urgente para desenhar uma agenda nacional e internacional de Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos.

Os governos devem assegurar que crianças e jovens sejam ouvidos e sejam considerados importantes na construção das novas políticas e que não sejam apenas alvos nas suas intenções. Que tenham voz no desenhar das políticas, planos e prioridades nacionais e internacionais ligadas ao desenvolvimento, que tenham uma participação activa nas tomadas de decisão e sua execução. Os jovens de hoje em dia fazem parte da maior geração de População Jovem da história da humanidade - 3 mil milhões de pessoas com menos de 25 anos e 1.06 mil milhões com idades compreendidas entre os 19 e os 25 anos. (UNFPA 4, SWOP 5, 2005).

Os países mais pobres são os detentores de 85% da população com menos de 25 anos. (UNFPA, SWOP, 2005).

Adolescentes entre os 10 e os 19 anos, em particular as raparigas, deverão ser os grupos prioritários à intervenção em matéria de Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos, uma vez que a discriminação sexual com base no género leva a que enfrentem maiores riscos no acesso à educação, maior risco de abuso sexual, gravidezes precoces, práticas tradicionais nocivas, tráfico, infecção pelo VIH – Sida, segundo a UNAIDS, quase um quarto das pessoas seropositivas tem menos de 25 anos.

Na mesma base, a violência e discriminação com base no género, orientação sexual, opções político-religiosas-culturais, estatuto sócio-económico e estatuto na família são factores obstrutores à Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos, o que levam à exclusão e pobreza.

Certo é que os Estados e os Governos em geral têm que trabalhar mais, nomeadamente na promoção dos programas específicos de educação.

Como diria Helena Cidade Moura, a educação e a literacia são a base para um desenvolvimento concertado e positivo. A Literacia vai muito mais além do saber ler e escrever, temos que formar jovens com capacidade de decifrar mensagens, formar jovens que possuam capacidade lógica na escolha e decisão.

E por vezes perdemo-nos em campanhas que apontam os problemas somente aos países do sul, por vezes esquecemo-nos que para além dos conceitos, estão realidades que não têm hemisférios, que não têm cores ou pré-conceitos.

Claro que temos de continuar a pressionar os Governos para que cumpram os seus compromissos, seja a ajuda pública ao desenvolvimento que tem que ser incrementada e chegar aos tão desejados 0.7% do PIB, claro que temos que pressionar os Governos doadores para que acabem com as vergonhosas dívidas dos países mais pobres, claro que temos que pressionar e pressionar, mas não nos podemos esquecer dos nossos problemas internos, há que investir em Portugal, debater e resolver os nossos problemas de pobreza, exclusão, direitos e equidade para todos e todas.

Porque apesar de constantemente ouvirmos palavras como as do Ex Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, que afirmava que “Não é possível alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), particularmente a erradicação da pobreza extrema e da fome, se não se abordarem de frente as questões da população e da saúde reprodutiva. E isto significa intensificar os esforços para promover os direitos da mulher e efectuar maiores investimentos na educação e saúde, inclusive à saúde reprodutiva e planeamento familiar”;

Acabamos naturalmente por questionar os caminhos e distâncias entre as palavras e os actos. Estas declarações são de 2005, mas já em 1921 Almada Negreiros disse "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa - Salvar a Humanidade." e nos dias de hoje continuamos com frases idênticas num mundo já pseudo-desenvolvido, centrado em tantas ¿verdades? absolutas. Será que vivemos numa caverna platónica?

Aquilo que sabemos é que boas intenções não chegam. Não chega falar, não chega ter reuniões de alto nível com altos dirigentes, não chega dar um kilo de arroz... Temos que passar a acções sustentáveis, temos que olhar ao nosso redor e começar a construir aquilo que queremos deixar a quem venha depois.

Acredito que a sociedade civil (todas e todos nós) temos a possibilidade de contrariar toda esta alalia, toda esta resistência inoperante.

Acredito que podemos mudar o rumo das coisas, acredito que quando nos levantamos podemos criar efeitos borboleta por esse mundo fora.

Por isso não podemos ficar sentados numa caridade existencial, num vácuo hermético televisivo. Temos que sustentar as nossas acções e unirmo-nos em torno de causas que melhorem efectivamente o mundo.

Manifestemo-nos pelos problemas que afectam o mundo e que sabemos que são resolvíveis!

Basta querer, basta pressionar, basta trabalhar com sustentabilidade.

Por tudo isso, continuamos este ano a co-organizar o Levanta-te porque acreditamos que também são necessários gestos simbólicos de mobilização. Este ano decorrerá nos dias 17 (Dia Mundial da Luta contra a Pobreza), 18 e 19 de Outubro.


3 dias de actividades em que tu podes ter um papel fundamental. Vai acompanhando o site www.pobrezazero.org porque teremos novidades em breve.


Precisa-se cumplicidade, pois

SOMOS A PRIMEIRA GERAÇÃO QUE PODE ERRADICAR A POBREZA


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